quarta-feira, 13 de julho de 2016

Aridez no coração

Tenho o coração seco das lágrimas que já verti.
Aperto os lábios e humedeço-os com a língua mas esta também está seca. Engulo em seco e suspiro num chiar de piadeira por entre válvulas mirradas e tubos apertados, secos.
Não tenho palavras só tenho letras, e mesmo que as tivesse não tenho com quem partilhá-las. Estou só. Só e cansada de estar só. Não tenho muleta, não tenho encosto, caiu desamparada e grito, mas estou muda. E mesmo que não estivesse ninguém me ouviria gritar.
Inspiro profundamente e choro mas não tenho lágrimas os meus olhos estão secos. Ficaram estreitos e fechados, o semblante carregado. O olhar duro e triste. Por vezes abandonado, outras vezes azedo e amargo destilando inveja e desejando tragédia. Dos outros, dos que estão bem, dos que são felizes, dos que não se queixam. Dos que amam, dos que têm o que amar. Não tenho o que amar, quero o meu amor, não quero chorar, não quero ser triste.
Não tenho o meu amor estou vazia. A encolher. Tudo mirra, o coração, a cabeça, o corpo, o pensamento, a felicidade. A vontade.
RH